06 abril 2009

E Guiné Bissau, vai mal.

Naquela manhã Felipe chegou cedo demais no trabalho, o que não costumava fazer. Outra coisa que não participava de seu costume mas começava a se tornar um ritual para Felipe era comprar o jornal do dia na banca em frente a seu trabalho, para dar uma lidinha nos tempos vagos. Normalmente, a leitura que se dividiria em 4 ou 5 momentos do dia começava na primeira ida ao banheiro - que Felipe estendia o quanto podia. Era a merda do dia anterior indo e as atuais chegando.

Naquela manhã, no banheiro da empresa, abrigado no reservado, Felipe tremeu com o pigarro inconfundível de seu chefe. O ruído vinha do mictório a frente e consigo trazia o medo. Felipe rascunhou o cenário de um crime possível: ainda que estivesse em uma situação das mais desfavoráveis, seu chefe estava numa pior: de costas e com as mãos ocupadas. Crime rápido, a surpresa a favor, apertinho de braços e tudo feito.

Felipe saiu do banheiro rindo, ninguém no corredor, apenas uma silhueta lá no fundo: era seu chefe, já do lado de fora, intacto, divertindo-se com as ordens que estava para dar.

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